Zé Povinho não pode deixar de se regozijar com a atitude cívica do grupo de alunos do 11º ano da Secundária Rafael Bordalo Pinheiro que, na sua disciplina de Educação para a Cidadania, quiseram perceber a razão para o estado de abandono dos centros comerciais que existem na cidade (esperando que também não esqueçam o comércio tradicional que em muitas cidades não tem a pujança do caldense, que mesmo assim sofre de bastantes dificuldades). Curiosos, percorreram os espaços e falaram com os trabalhadores (que inicialmente lhes mostraram alguma resistência). Na passada semana, João Figueiredo, porta-voz do grupo apresentou o trabalho que estão a desenvolver na Assembleia Municipal. E falou como gente grande, suscitando bastante interesse por parte dos deputados municipais que, inclusivamente, lhes pediram para regressar àquele fórum com as conclusões. Mas, estes jovens não vão ficar por aqui. Apoiados pela professora Manuela Silveira, querem fazer a palestra na escola aberta à comunidade e chegar à Assembleia da República porque, dizem, e com razão, este é um problema nacional. Ainda que a degradação física dos espaços seja o mote, os jovens alargam o estudo aos problemas sociais que lhe estão ligados, defendendo uma atitude de empatia para com os que se encontram em situações de marginalidade. Zé Povinho também está expectante com os resultados que os jovens venham a encontrar e, sobretudo, feliz por ver que nestas novas gerações há quem se preocupe com a sua cidade e, sobretudo, com quem cá vive. Assim felicita-se aquele porta voz em nome de todos pelo trabalho realizado.
Zé Povinho ficou, tal como tantos outros portugueses, perfeitamente chocado com as notícias que vieram a lume sobre os maus-tratos provocados pelo cavaleiro João Moura aos cães que tinha a seu cargo na herdade de Monforte e que seriam utilizados em corridas de galgos. O dono dos animais foi ouvido no tribunal e, como não poderia deixar de ser, constituído arguido, pese embora esta figura incontornável da tauromaquia nacional tenha vindo a público garantir a inocência e prestar os esclarecimentos às autoridades. Venham ou não a comprovar-se as acusações de maus tratos de João Moura, a questão é bastante mais profunda. Na verdade, ninguém pode ficar indiferente ao estado em que aqueles galgos se encontravam quando foram encontrados pelos militares do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana, que se deslocaram à herdade na sequência de uma denúncia. Haverá, certamente, algumas explicações para o sucedido, mas nada justificará o estado em que os cães estavam. Porém, e infelizmente, este não será caso único no nosso país. Há mais relatos de maus-tratos sobre animais, o que custa bastante a entender quando estamos em pleno ano 2020. Havendo tantas campanhas em prol da defesa dos animais, havendo partidos com assento na Assembleia da República que chamam a atenção para estas questões, não se percebe como ainda se verificam estas situações no nosso país.