
Portugal e os portugueses têm qualquer coisa de especial, que encanta muitos estrangeiros, que neles encontram razões para apostar e valorizar muitas das suas especificidades como se das deles se tratassem.
O projecto que foi lançado por três amigos alemães – verdadeiramente convencidos daquilo que o país tem de bom e que pode ser valorizado pelos estrangeiros – é a demonstração de que afinal em Portugal há muito mais oportunidades com o que é nacional do que à partida os próprios sabiam.
Wolfgang Scheck, Birgit Gerstenlauer e Markus Gerstenlauer, amigos de infância, que descobriram Portugal para viver e simultaneamente como fonte de negócio, apresentando os produtos nacionais no mercado alemão, justifica muito aquele ditado de que “santos da casa não fazem milagres”.
Depois da sua experiência comercial na Alemanha com produtos portugueses de raiz endógena, quiseram demonstrar que também podiam fazer a mesma oferta no mercado nacional, numa praia tradicional (S. Martinho do Porto), mas cada vez mais procurada por turistas e residentes estrangeiros.
Craft Story assim se chama o seu projecto comercial, que, inclusive, sabe valorizar um dos elementos identitários nacionais – o azulejo – que é quantas vezes abandonado ou maltratado pelo próprios portugueses e que irá certamente mostrar a diferença naquela praia.
Apresentam produtos singelos de raiz portuguesa como as conservas, a cerâmica, o sal, os próprios produtos de higiene e bem-estar, o mel e o azeite, para além de roupa, com produtos tendencialmente manufacturados ou artesanais, valorizando as tradições e a cultura.
Zé Povinho acha que eles estão no bom caminho e merecem o reconhecimento daqueles que ainda acreditam que o país tem um futuro cada vez mais promissor!

Quer sejam governos mais à direita ou mais à esquerda, a eficiência dos poderes públicos centrais para a resolução dos problemas das populações e das regiões parece sempre deixar muito a desejar.
As decisões tomadas naquilo que tradicionalmente se convencionou chamar o Terreiro do Paço nunca são a horas e demoram tempos incontáveis para se poder ver os resultados.
Pode-se falar das políticas da educação, da saúde, da justiça, do ambiente, dos transportes, da cultura, etc., em que as obras ou as decisões previstas, prometidas, financiadas e repetidamente anunciadas para amanhã, sofrem atrasos inenarráveis, cuja responsabilidade nunca é encontrada, a não ser as putativas insinuações do papel desempenhado pelo senhor das Finanças.
Solução para isto não haverá nos próximos anos e para Zé Povinho, só com uma reforma estrutural na forma de organização territorial, com a aproximação da decisão e da gestão dos investimentos à realidade próxima, tal poderá ser minorado.
Por isso, Zé Povinho acha que a sobrevivência da Lagoa de Óbidos, através da ligação permanente ao mar e do seu desassoreamento, só terá alguma vez solução se meios e capacidade de decisão estiverem próximos. Mas para isso falta protagonismo e força aos líderes locais que vão desenrascando, sem nunca conseguirem ver as decisões correctas e aplicadas a horas.
A “aberta” da Lagoa é mesmo o paradigma simbólico da inconsistência e falta de eficácia do poder central, no caso, representado uma vez mais pela APA – Agência Portuguesa para o Ambiente, servindo de bobo da corte para aquilo que o sistema – ele próprio – produz sem remédio.